APOSTA DE RISCO

No próximo dia 2/1/2013 o Governador Raimundo Colombo viaja aos Estados Unidos fazendo uma aposta de alto risco com as finanças estaduais.
O Estado de Santa Catarina tem uma dívida pública de 20 bilhões dos quais, 10 bilhões são decorrentes de acordo firmado com a União. Esta dívida é a principal preocupação do Estado, diante das taxas contratadas, juros na ordem de 6% ao ano mais o IGP-DI. Este ano de 2012 o IGPM fechou em 7,82%, portanto, juros de 13,82% para o próximo ano. São encargos escorchantes e insuportáveis, nenhum investidor privado ganha isso, ninguém sabe ao certo explicar a persistência de tamanho equívoco. O Senado Federal que teoricamente representa os Estados já deveria ter construído o caminho da pacificação financeira. Os contratos foram assinados em 1998 quando o ambiente econômico era totalmente diferente dos dias atuais. É o Governo Federal, rico e perdulário, tirando do roto, do esfarrapado.
A Secretaria de Finanças do Estado convenceu o Governador que era hora de agir posto a diferença das taxas cobradas no exterior e a taxa local pactuada. As tratativas levaram o Estado a contratar US$726,5 milhões (1,5 bilhão) com o Bank of América, numa operação de troca de posição ou seja trocar dinheiro caro por dinheiro barato. Segundo as notícias o Estado poderá economizar até 40 milhões mês e em torno de 500 milhões ano.
Seria um bom negócio não fosse por um detalhe – a credibilidade na equipe do atual Governo Federal esta se esvaindo pelo ralo da incompetência. O Governo vem engessando a taxa cambial, ela já não é mais flutuante, as intervenções são quase diárias. A meta inflacionária de 4,5% já deixou de ser um objetivo faz tempo. Os poupadores/aplicadores, logo vão perceber que estão perdendo dinheiro fazendo aplicações financeiras internas (muitas aplicações de 2012 serão negativas), poderão buscar refugio no dólar. Nestas circunstâncias, estas forças podem trazer de volta a inflação e a instabilidade econômica. Há membros do Governo que defendem uma desvalorização da nossa moeda (ou vista pelo lado do dólar uma valorização) de até 25% passando o dólar a US$2,40. Se algo ocorrer nesta direção as vantagens de hoje serão tremenda dor de cabeça no futuro.
Creio que não era hora de se fazer este “swap” financeiro. Em finanças, ter a capacidade de prever o futuro é fundamental sob pena de se pagar um preço elevado por decisões precipitadas. Na verdade a luta do Estado ( e dos demais) deveria ser por um novo modelo de pagamento da sua dívida baseada em encargos justos, junto do Senado Federal, não a selvageria financeira que os contratos de 1988 exibem. Contrair dívidas de longo prazo em dólar é sempre muito arriscado, o passado recente conta uma história assustadora.