
POBRE CANASVIEIRAS
Moro parte do ano em Cachoeira do Bom Jesus próximo de Ponta das Canas, localidades banhadas pela Baia de Canavieiras que também empresta nome ao maior balneário do Norte. Do ponto de vista natural são localidades deslumbrantes, de um fascínio arrebatador, são pelo menos 10km de praias alvas (recentemente levadas pelo mar e agora sendo restabelecidas pelas dragas contratadas) medianamente ocupadas nestes últimos anos.
Impera no norte da Ilha como aliás em todo o município a indigesta “lei do atraso” que tem como proposição quanto menos renda e emprego melhor. A lei e seus derivados são bem aceitas em extratos médios da população, principalmente, o lado menos desinformado e, fortemente, induzido por “influencers” de partidos socialistas.
Estas iniquidades tiveram seu auge com a construção do Plano Diretor (2006 a 2012) quando o “socialismo de resultados” caminhava a todo vapor e por aqui, as reuniões eram dominadas por estes sábios do desenvolvimento que como se sabe, arruinaram o País.
Juntaram-se aos socialistas de resultados outra seita radical, os ambientalistas cocô- lógicos, e, juntos construíram um Plano Diretor contrários ao interesse da cidade porque restringe o desenvolvimento, consequentemente, a renda, os impostos e sobretudo, os empregos. É um atentado contra as famílias da cidade, contra o pai desempregado. O que foi inserido na lei para o distrito de Canavieiras que comporta igualmente Jurere, é um monumento à burrice e ao subdesenvolvimento. Enquanto em Jurere se pode construir edifícios de 6 andares em Canavieiras, o máximo é de 4 andares, mesmo assim sem térreo e pilotis. Ora qual a razão para estas maldades? Porque 6, 4, e não 12? Podem procurar à vontade, não vai se encontrar nada a não ser as surradas – mobilidade e saneamento cujas constatações indicam apenas ineficiência da CASAN e incompetência da PMF e Estado.
Em dias claros a miséria de Canavieira se esconde no brilho do sol, não aparece, mas em dias de chuva, é uma calamidade. Descortina-se uma “cidade fantasma”, casas antigas muitas de caráter misto com madeira e alvenaria, baixa qualidade das construções, tipo “puxadinho”, o “mofo” das paredes, a feiura das casas, tudo conspira para uma “ciudad del este”. Há invasões clandestinas por sobre os passeios, alinhamentos irregulares, bocas de lobo entupidas.
Os equipamentos urbanos de infraestrutura também revelam a sua inoperância. Os leitos das ruas não são sinalizados, não há, igualmente, sinalização urbana, a drenagem é mínima. A coleta e tratamento de esgotos são precários e em decorrência destas iniquidades, os passivos ambientais aumentam ano, a ano.
Urge que se dê importância ao Distrito. Vale ressaltar que só a presença do Sapiens Parque cujas obras estão em ritmo acelerado obrigaria a PMF a reestudar o Plano Diretor atual, e adaptá-lo às suas reais necessidades. Em menos de 15 anos o Parque vai demandar mais de 20 mil trabalhadores. Onde abriga-los, em “puxadinhos”, em edifícios de 3 andares, claro que não. Precisamos avançar, deixar que os empreendedores fiquem livres para edificar 10 ou 20 andares e se possível com compensações sociais.
São as grandes obras que geram outras menores e consequentemente, a dinamização da economia. Continuar com o modelo atual é obstruir a riqueza do Distrito, a esperança das pessoas.
2 COMMENTS
Bom dia meu caro .
Não lhe conheço, mas devido a “amigos” ( do Facebook) incomuns tive acesso ao seu texto. Eu li e repeti a leitura por umas 4 vezes, tentei entender o seu lado, lado normal de uma pessoa que não nasceu aqui e pouco entende as verdadeiras nescessidades deste lugar ( esta é minha visão) me desculpe caso o desagrade.
Sou morador de ponta das canas, filho de pescador e de mãe dona de casa, minha árvore genealógica descende de pescadores e de pessoas que nasceram e criaram sua linhagem aqui. Não somos nobres nem tão poucos ricos, porém sempre cultuamos o respeito ao próximo e ao que nos cerca.
A ilha sofreu várias influências nas últimas décadas, através do turismo as portas desta mãe foram abertas e suas dobradiças estouradas para que jamais volte a se fechar, as diferenças culturais inundaram a ilha fazendo com que os “nativos” acolhedores no princípio cultuassem muitas vezes uma cultura que não era de costume. Manezinhos pilchados, tomando chimarrão, falando o “portunhol” , imitando os baianos, incorporando o ” leite quente arde o dente ” no cotidiano.
A primeira vista é fascinante, pessoas novas, novas amizades, novas paixões, novas experiências… Muita gente bem intensionada e não tão bem se mudaram para a tal ilha que até 1980 era pouco conhecida no cenário brasileiro. Com isso a exploração imobiliária tomou a vez, a exemplo da praia brava no norte da ilha o jump das construções de início em 1984 e não parou mais, a bela ilha de mata densa foi rasgada por veias de concretos e furada com os incontáveis prédios ao seio de sua beira mar, um estupro consumado daquilo que passava desapercebido aos olhos gananciosos dos famintos por dinheiro.
A política que já não era muito das confiáveis entrou em cena, com seus esquemas mirabolantes e atordoantes aos olhos daqueles que prestam atenção aos seus movimentos lotearam a cidade, moeda verde serve bem como exemplo. A velha frase descrita no símbolo mais importante desta nação não fez jus por aqui, o “ordem e progresso” não veio, veio o tao do ” progresso sem ordem” . Culminando assim em um entulhar de pessoas, fazendo que como cabritos comecem as construções irregulares em morros.
Temos um resort em cima de um costão, um shopping em cima de uma mangue, bares a beira mar de Jurerê acabando com a beleza do local, temos os gigantes e inúmeros prédios a beira mar transformando a bela ilha e cimento puro, alargar uma praia em 50 metros a frente do mar interressa quase que a uns 50 comerciantes e ainda mais a uma família que detém forte influência no ramo do turismo e hotelaria. Não é e nunca será uma obra para o povo !
A ilusão de que esta ilha foi redescoberta me assusta, em pontas das canas mais de 180 casas de pessoas incluindo nativos a mais de 70 anos foram alvo do MP neste ano de 2019 com uma ação de despejo e implosão das casas, sequer conhecem o povo que colonizou e é a veia desta terra. Os esquemas que lhe falei acima sequer foram a frente no MP e se foram encontram-se engavetados com algums juiz do trf4.
A verdade é nua e crua meu caro senhor, querem despejar aqueles que a décadas vivem aqui, querem minimizar os esforços a base de suor do povo nativo que aqui vive, não querem ter o devido respeito e dar o grande valor aos que lhes abraçaram e acolheram quando chegaram. Lotearam a nobre terra como a a partilha de pão entre ricos e poderosos. Anote minhas palavras. “Ainda afundaram esta ilha com tanta ganância e pouca consideração”.
Obrigado por sua paciência e atenção. Até breve
Carlos Eduardo 1/12/2019
Prezado Carlos, moro e vivo por aqui há 50 anos, tenho residencia em Cachoeira do Bom Jesus, pertinho de Ponta das Canas. Muitos dos habitantes desta Ilha maravilhosa, vieram de fora, inclusive seus fundadores, os açorianos. Tempo de moradia não confere nenhum direito suplementar de achar que a “ilha tem donos”. Todos são bem vindos, precisamos de mão de obra de todos os tipos. Para voce ter uma ideia de comparação cito aqui Singapura que tem o mesmo tamanho físico de Floripa, 704km2. Lá habitam 5,5 milhões de pessoas, estão aterrando uma parte para recepcionar mais 5 milhões. Protegem 60% do território e seus moradores são os mais ricos do planeta. Quero para minha floripa o mesmo de Singapura, riqueza, renda e sobretudo, empregos. Desejar que nossos pescadores continuem pobres e miseráveis, não faz parte dos meus sonhos. Quero que todos fiquem ricos e só há uma fórmula para alcançar isso – os investimentos. Investimentos em tecnologia, em turismo, em grandes obras. é assim que vamos sair da pobreza.