INSTINTO DE SOBREVIVÊNCIA
Leio nas folhas que o vice-prefeito João Amim licenciou-se de suas funções para concorrer a um cargo nas eleições proporcionais deste ano, provavelmente, deputado estadual. Causa estranheza que um jovem administrador titular da Secretarias de Obras, 450 milhões de orçamento, abandone seu cargo para buscar outro, em princípio, com muito menos identidade com a cidade, menos recursos para gerir, menos obras para realizar, sabidamente, um fator predominante, para quem deseja alçar voos mais altos.
Há várias avaliações sendo realizadas pelas páginas políticas de nossos jornais nenhuma a meu ver que expresse a realidade dos fatos. Presumo que o herdeiro da família Amim tem instinto de sobrevivência, examinou o contexto político em que se enfurnou o titular, julgou que o quadro político tende a piorar.
Quando da vitória nas urnas ambos, prefeito e vice, se compraziam em aparecer juntos, expressavam largos sorrisos, jovens, determinados, a cidade depositava enormes esperanças nas ações administrativas notadamente, o decantado Planejamento Urbano. O que se viu em seguida foram ações desastradas, uma atrás da outra.
No plano político ninguém entendeu até hoje o descarte dos companheiros de campanha que os ajudaram a eleger. Governo se faz com as pessoas que contribuíram para eleger a chapa vencedora. Em vez disso agiram com os olhos voltados para o populismo, abraçaram projetos dos adversários, trataram a pontapés o segmento empresarial esteio do crescimento econômico da cidade.
Arrogantes, se disseram resolvedores da mobilidade urbana propondo um Edital de concessão cuja primeira edição foi rejeitada pelo Tribunal de Contas. Veio a segunda edição cheia de equívocos do ponto de vista econômico, financeiro e operacional sem elencar os direitos e obrigações do Poder Concedente, Concessionários e Usuários. Não havia um “Projeto de Mobilidade” e sim um mero contrato dos tempos de antanho o resultado foi um retumbante fracasso que até agora ninguém sabe ao certo qual o novo quadro do transporte coletivo da cidade.
Seguiu-se outra ação ufanista – aprovação do Plano Diretor – cujos resultados foram catastróficos. Em vez de privilegiar o desenvolvimento econômico sustentável com projetos que atendessem o lado ambiental, cultural, econômico com inclusão social, fizeram justamente, o contrário, pararam a cidade. Não conseguiram agradar nem ao MPF, nem o segmento empresarial, nem as comunidades. O MPF ingressou na Justiça contra o PD que deu ganho de causa. O imbróglio jurídico ainda não terminou graças a ausência de humildade do prefeito. O IPUF foi aviltado em seus objetivos graças a teorias heterodoxas que permeiam aquela instituição.
Para completar o quadro propuseram um IPTU confiscatório com acréscimos superiores a 1.500%. Deixaram a cidade em pé de guerra. A solução foi buscar no STF a correção da infâmia cometida.
Diante desses e tantos outros projetos desastrados, creio que o Vice resolveu guardar sua viola e cantar em outra freguesia. De qualquer forma não sairá ileso do processo, o grau dos prejuízos poderá ser medido nas próximas eleições.
2 COMMENTS
Muito bem dito. Até agora não conseguiram governar a prefeitura. O barco está a deriva.
Agradeço a leitura do texto. Forte abraço