
JORNALISMO BRASILEIRO PODERIA SER MUITO MELHOR
Amigos e amigas de Floripa
Há dois programas nos finais de domingo – Poder em Foco do SBT e o Canal Livre da Band. Ambos os programas têm o mesmo formato (incluiria aí o Roda Viva da Cultura às segundas feiras), há uma bancada de entrevistadores sob a liderança de um deles e o alvo, o entrevistado. Via de regra erram no convite, trazem sempre os mesmos. Desde outubro o Brasil querendo ouvir o pensamento dos novos dirigentes do País e a produção atacando com os velhos figurinos. Um desastre. Ninguém mais aguenta ver os mesmos falando equivocadamente de “esquerda, direita, centro” que não quer dizer nada. Aparece um ou outro citando Friedrich Hayek, Gunnar Myrdal ou outro cientista sem informar ao distinto público quem são, apenas para revelar sapiência. O debate só se modifica se forem introduzidas as questões básicas – o liberalismo X o socialismo, é esta a mudança que o Brasil abraçou. É este o debate que deveriam travar os convidados, os eleitos. Convidar os telespectadores a fazer reflexão sobre o que aconteceu em 1789 e que repercute até nossos dias. Em vez disso, bobagens como um pouco “mais à esquerda” um pouco “ mais á direita” não servem para nada.
São programas nacionais de largo interesse, o entrevistador não prepara o texto, por pertencer a um grande órgão de imprensa se acha autossuficiente, mais contesta do que pergunta. Na maior parte das vezes o que se vê são diálogos paupérrimos, alguns inúteis, o jornalista querendo desmentir o entrevistador. Ora ele é um instrumento, deve perguntar, que tem que fazer esta avaliação é o telespectador. Nota-se que muitos não tem o que perguntar, parecem ocupar uma “bolha vazia” fazem a pergunta para meramente cumprir um papel subalterno.
Presumo que a intolerância (ou conhecimentos) vem com a idade. Por isso está irritação contra a pobreza do jornalismo nacional.
A Renata Lopret (29/12) entrevistando três jovens deputados federais causava alergia. Não tinha um caminho, um roteiro. Queria demonstrar aos jovens seu conhecimento de política. Um fiasco total. Bastava apenas formular a pergunta, uma indagação – “e na educação o que você pensa”, “e sobre a dessalinização da água para o nordeste” “e sobre a segurança”?
E na bancada da Globonews? Ver a Monica Waldwogel, Cristiana Lobo, dar opinião sobre economia ou o Gerson Camarotti sobre política é lembrar das aulas de teatro do colégio quando não se tinha compromisso com a qualidade e sim com a vaidade de cada um.
O bom jornalismo parece ter evaporado. William Waak, Alexandre Garcia, J.R. Guzzo, Augusto Nunes, entre outros, podem dar opiniões porque sabem o que dizem. Mas há bons jornalistas jovens, conectados, o que é condenável é colocar uma boa jornalista de bancada de jornal a dar palpite naquilo que não sabe.
Faço uma ressalva, as mulheres apresentadoras da Globonews a partir da Maria Beltrão (13h), Cristiane Pelajo, Leilane Neubarth, Leila Steremberg são boas apresentadores e expressam de forma objetiva suas opiniões. As comentaristas Julia Dualib, Natuza Nery funcionam. O desastre acontece quando inserem na bancada pessoas que não tem qualificação para expressar opinião sobre assunto que não conhecem.