
CULTURA O PATINHO FEIO DA PREFEITURA
Amigos e amigas de Floripa
A cultura, salvo honrosas exceções, não tem tratamento preferencial junto da maioria das cidades brasileiras, a nossa não foge à regra. No entanto, para preservar nossas raízes, nossa história e nossas origens, dependemos de bons programas culturais. Em muitos casos prevalece a pura ignorância de administradores, noutros, a pura negligência com o setor na suposição de que os recursos financeiros têm destinações mais nobres.
Para gerenciar este segmento o modelo adotado foi de uma autarquia municipal com o nome de Fundação Municipal Franklin Cascaes, uma homenagem justa a quem tanto batalhou pelos “usos e costumes locais”.
A gestão César Souza não satisfeita com a Fundação, aproveitou e criou mais uma estrutura, a Secretaria da Cultura, preservada pela atual administração. Há como se vê uma superposição de órgãos, cada qual com seus funcionários, consumindo o duro dinheirinho dos impostos. A FFC leva 11,8 milhões, a Secretaria outros 2,1 milhões e correndo pela ponta o Funcine com 333,2 mil, tudo somado 14,3 milhões. D. Pedro II dizia a seus ministros que toda a despesa inútil é roubo da nação. Traduzindo para a linguagem dos dias atuais é o “mensalinho” institucionalizado.
Em razão dos incêndios frequentes em ambientes que deveriam preservar a nosso patrimônio histórico e cultural, como andam os cuidados locais? Vale ressaltar, não faz muito tempo o Mercado Público foi destruído por um incêndio, então, todo o cuidado é pouco. É que estes ambientes, via de regra são espaços históricos, malcuidados, mal gerenciados. Nos últimos 10 anos a cidade esteve às voltas com o antigo prédio da Câmara, finalmente, pronto. Será entregue a uma instituição privada, que vai cuidar do “Museu da Cidade” e acredita-se que será uma inovação a ser copiada. Outro bom exemplo, é a conservação da casa Hercílio Luz na Mauro Ramos. Os empreendedores conseguiram furar o bloqueio da lei estadual que limitava construções num raio de 300 metros, uma sandice do legislador.
A cidade além dos imóveis históricos e que resultaram em pequenos museus, conta, igualmente, com um acervo enorme resultante de tombamentos (muitos feitos de forma inadequada, sem critérios) estes sob a tutela de seus proprietários. A maioria está caindo aos pedaços, não tem manutenção, tem pouca serventia como preservação. Melhor fariam se autorizassem sua demolição, permitissem a construção de edifícios, e em troca, os empreendedores, dariam manutenção naquilo que interessa. Um exemplo destas ações seriam as casas rosas da Frei Caneca, que tem pouca utilidade e nenhum valor como patrimônio histórico. Na avenida Mauro Ramos em frente ao Instituto Estadual um “sitio” de 3 casas geminadas estão lá atrapalhando o trânsito. Bons projetos são os empreendimentos na Rua Bocaiuva com a preservação de casas antigas resultando num agradável visual urbano. (Casa do Barão e novo Edificio do MPSC)
Sítios como Ribeirão da Ilha, Santo Antônio de Lisboa devem merecer atenção. Podem a qualquer momento, diante de um foco de incêndio, ir tudo para as calendas. Vistorias frequentes de bombeiros deveriam ser efetuadas e suas recomendações adotadas. A rua Conselheiro Mafra também foi tombada, guardo convicção que toda a rua corre perigo.
Neste momento a Câmara de Vereadores esta debatendo salvaguardas para o patrimônio cultural. Aduzo que para ser Patrimônio Histórico e Cultural não basta ser “velho” é necessário que represente valor referencial sobre a história da cidade.