
COMPORTAMENTO GAY E AS REDAÇÕES
Amigos e amigas de Floripa
Lembro-me dos tempos de Universidade, no curso de História, estudavam 3 companheiros gays. Naqueles tempos a discrição e a prudência eram absolutas. No nosso meio escolar todos os percebiam como gays, eles agiam discretamente como gays e até nos davam algumas lições “um dia todos seremos gays, entendidos”. O termo “entendido” era a senha para reconhecer alguém diferente, mais “avançado intelectualmente, sensível”. A palavra gay ainda não existia, e entre os héteros cunhava-se a expressão “veado”. “Esse cara é veado, uma marica”, designava-se preconceituosamente, um homossexual. Ambas as partes se mantinham equidistante, cada qual respeitava o espaço do outro, não lembro de agressões, bullings, gozações, a não ser aquelas normais de grupos.
Os tempos foram passando nossos amigos se formaram, cada qual assumiu suas funções, alguns professores outros funcionários públicos, personagens exemplares da vida quotidiana de suas cidades.
Nos cursos de história há momentos em que os conteúdos programáticos versam sobre os comportamentos sociais das antigas civilizações e neste particular a questão sexual sempre explode com muito interesse.
Na Antiga Grécia o homossexualismo era algo normal, as mulheres eram tidas como “procriadoras”, mas o divertimento entre generais e soldados se dava dentro das saunas ou nas banheiras cheias de leite de cabra, posto ser este mais afrodisíaco. De ressaltar que estes comportamentos eram mais difundidos entre a classe dominante, era quase um ritual de inserção do jovem ao exército, onde o homem adulto, na faixa dos 20 a 30 anos, era denominado “erastés” (o amante) e o jovem, entre 12 e 18, era chamado de “eromeno”(amado).
Em todas as fases históricas da sociedade a homossexualidade sempre existiu e ultimamente tem aflorado de forma vulcânica na sociedade moderna abrangendo sobretudo, as mulheres. São comportamentos que diferem da maioria e neste caso, agridem os padrões de comportamentos sociais.
Comportamentos explícitos de carinhos, beijos públicos entre pessoas do mesmo sexo operam como uma agressão visual, atinge os valores do ofendido e via de regra há xingamentos quando não agressões físicas e até morte.
Todos podem viver em paz respeitando a liberdade do outro. Vale ressaltar que a maioria condena atos libidinosos heterossexuais à luz do dia, muito mais o homo afetivo.
De uns tempos a esta data os manuais de redações de jornais e TVs deram também para agredir os conceitos. Há manchetes provocativas como “VIUVA DE MICHELE EXIGE ESCLARECIMENTOS”, ou textos como este “o viúvo do cabelereiro morto afirmou que não houve xingamentos entre eles” ou como este “o marido de Laura vestia terno branco (marido era outra mulher).
É preciso entender que as expressões “viúva ou viúvo” constam do Código Civil e indicam que alguém perdeu o seu cônjuge, está impregnado na cabeça das pessoas que se trata de homem e mulher. Da mesma forma a expressão “casamento” além de constar da bíblia, do código civil e do pensamento popular, é união entre homem e mulher. Os héteros não concordam que estejam na mesma categoria. Para isso há belas expressões que podem ser utilizadas sem ofender a maioria da sociedade – “a união homo afetiva” ou então “união civil homo afetiva” ou “união estável homo afetiva” “união estavel de companheira (o)s.
Os relacionamentos sociais vão além do Código Civil e da própria Constituição. Ainda que os Ministros do STF tentassem incluir o termo “casamento” na interpretação do parecer, a sociedade continua rejeitando o seu amplo entendimento ou o restrito – casamento é entre homem e mulher.
Ir além do conceito estabelecido pela sociedade será rejeitado majoritariamente, e para alguns opera como insuportável, origem de muitas agressões e mortes.
Os manuais de redação precisam ser revistos e ajudar na integração das minorias. Insistir em terminologias já dominadas pela população como identificadoras dos mesmos significados só contribui para exacerbar os conflitos e discriminar quem já é tratado de forma cruel, injusta e desigual.